O resultado do balanço de pagamentos do Brasil em março de 2024 — isto é, o registro de todas as operações econômico-financeiras com outros países — trouxe boas e más notícias para o país, avalia Paulo Rocha, especialista em comércio exterior. Se por um lado, as contas externas fecharam o mês com saldo negativo de US$ 4,6 bilhões, por outro, o investimento estrangeiro por aqui foi o maior para o mês de março desde 2012.
“Os investimentos diretos no país aumentaram, o que é uma boa notícia”, avalia Paulo Rocha. De acordo com o Banco Central, os aportes estrangeiros no Brasil totalizaram US$ 9,6 bilhões, ante US$ 7,3 bilhões em março do ano passado.
A balança comercial de bens também foi superavitária, ou seja, o Brasil vendeu mais matéria-prima e produtos do que comprou. As exportações somaram US$ 28,5 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 23,4 bilhões, saldo de US$ 5,1 bilhões. Em março de 2023, no entanto, o saldo foi de US$ 9,3 bilhões.
As exportações caíram 14% em relação ao mesmo período do ano passado, queda que Rocha considera determinante para o resultado da balança comercial e, por consequência, do balanço de pagamentos.
“A balança comercial foi superavitária, mas teve desempenho bem inferior ao do mesmo mês do ano passado e isso representa, principalmente, uma queda nas receitas de exportação em consequência de eventos climáticos”.
Vale lembrar que a balança comercial de bens é apenas um dos componentes da balança de pagamentos de um país, que inclui também a balança de serviços, como transportes; e de renda, como lucros e dividendos.
Serviços têm déficit de US$ 3,7 bilhões
A conta de serviços fechou março com déficit de US$ 3,7 bilhões, enquanto a de renda primária teve saldo negativo de US$ 6 bilhões. Somadas à conta da balança comercial de bens, elas contribuíram para o resultado geral de queda, diz Rocha. Mas isso não é motivo para preocupação, avalia.
“O fato de, em março, as transações do balanço de pagamentos registrarem um déficit, enquanto no mesmo mês do ano passado o resultado tinha sido de superávit, representa uma maior saída de divisas, mas não tem impacto negativo significativo para as contas do país”, diz.
No acumulado de 12 meses, as contas externas brasileiras registram um déficit de US$ 32,6 bilhões, o equivalente a 1,23% do Produto Interno Bruto (PIB).
Fonte: Brasil 61